Em setembro de 1985, a Nintendo lançou Super Mario Bros, um dos títulos mais icônicos do mundo dos videogames. O jogo, que marcou gerações, trouxe também um erro de programação que se transformou em um dos segredos mais fascinantes da cultura gamer: o Minus World.
Segundo informações da ‘BBC News’, o bug acontecia no Mundo 1-2. Se o jogador fizesse Mario deslizar por uma parede em um ângulo específico e entrasse em um cano, ele acabava em um nível subaquático infinito.
A única forma de escapar era morrer ou reiniciar a partida. Como o texto de indicação de fase aparecia em branco, o jogo mostrava apenas “World -1”, batizando o enigmático cenário.
O impacto imediato e a cultura gamer
O fenômeno rapidamente se espalhou entre os fãs e, em 1988, ganhou destaque na revista Nintendo Power, que publicou: “Explore o misterioso Minus World”. Desde então, o nível secreto se tornou parte do folclore dos videogames.
Mesmo o criador da série, Shigeru Miyamoto, negou que o bug fosse proposital. Ainda assim, em entrevista em 2010, admitiu que o erro acabou sendo considerado um “recurso” de Super Mario Bros, já que não prejudicava a experiência e aumentava a mística em torno do jogo.
O legado do Minus World
Especialistas em games apontam que o bug mudou para sempre a forma como os jogadores exploravam mundos virtuais. Brendan Keogh, estudioso do tema, relembra:
“Naquele momento, a maioria dos games que eu jogava não tinha cenários. Ver os irmãos Mario, com esse mundo muito coerente… parecia ilimitado.”
A falha também inspirou desenvolvedores em décadas seguintes. Jim Stormdancer, criador do enigmático Frog Fractions (2012), contou que buscou recriar a sensação mágica do Minus World:
“Você pode jogar por uma semana e, de repente, pular no ponto certo e entrar em algo que você não sabia que existia.”

Outros bugs lendários
Depois do sucesso do Minus World, gamers passaram a caçar erros semelhantes em outros títulos. Entre os mais lembrados estão:
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“Missingno”, o Pokémon bugado de Pokémon Red & Blue (1996);
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Os dragões voando de ré em Skyrim (2011);
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Personagens sem rosto em Assassin’s Creed (2007);
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O atalho que levava direto ao final em Spyro: Enter the Dragonfly (2002).
Essas falhas, longe de atrapalhar, alimentaram a imaginação dos jogadores e reforçaram a ideia de que, em um videogame, sempre pode haver algo além do que está visível.
Uma lenda que ainda fascina
Quatro décadas depois, o Minus World continua sendo lembrado como o “maior erro da história dos games”.
Mais do que um bug, ele representou o início de uma cultura de exploração, mistério e criatividade que moldou toda a indústria dos videogames.
Como resumiu a revista ‘Edge’, em 2015: “Foi o Minus World que nos fez acreditar, pela primeira vez, que tudo era possível nos videogames.”