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Caso metanol: número de mortos sobe para cinco em SP

Suspeitas de intoxicação por bebida adulterada chegam a 22; Polícia Federal também investiga distribuição em outros estados

O governo de São Paulo confirmou nesta terça-feira (30) a investigação de cinco mortes suspeitas por intoxicação com metanol, substância altamente tóxica encontrada em bebidas alcoólicas adulteradas. Até então, eram três óbitos em análise. No total, 22 ocorrências estão sendo apuradas pelas autoridades estaduais.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou a criação de um gabinete de crise e a interdição imediata de estabelecimentos onde foram registradas suspeitas ou confirmações de consumo das bebidas adulteradas.

Além das mortes, algumas pessoas que sofreram intoxicação com metanol chegaram a perder a visão. Um jovem chamado Rafael está internado, em coma, desde 1º de setembro. Ele começou a se sentir mal horas depois de consumir gin com energético.

Segundo a mãe dele, a enfermeira Helena Martins, o quadro é considerado irreversível:

“Ele está respirando pelo ventilador, não tem fluxo sanguíneo cerebral. Segundo a medicina, é irreversível.”

Medidas do governo paulista

Durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Tarcísio destacou ações de prevenção e atendimento à população.

“Vamos ter um reforço da nossa área de comunicação para informar quais são os sintomas, quem a pessoa deve procurar quando sentir o sintoma, como ela deve proceder. Nossa rede de saúde, tanto municipal quanto estadual, estará estruturada para prestar assistência imediata.

Além disso, a gente vai ter aqui o estabelecimento de canais de denúncia, a pessoa vai poder denunciar via disque 181, para a Secretaria de Segurança Pública. E o Procon também vai estabelecer um canal de denúncia rápido só para bebida adulterada”, afirmou.

Das cinco mortes suspeitas, apenas uma foi confirmada como causada por metanol: um morador de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, que ingeriu bebida alcoólica na capital.

Sintomas e orientações médicas

O secretário de Saúde do estado, Eleuses Paiva, reforçou que a eficácia do tratamento depende da rapidez na procura por atendimento.

“É importante que haja maciça divulgação para que as pessoas possam entender os primeiros sintomas, como é que ela pode buscar o tratamento, que aí nesse caso o tratamento rápido é o que pode salvar a vida no caso de uma intoxicação”, disse.

Segundo Paiva, um alerta de saúde foi emitido para toda a rede pública e privada de hospitais e unidades de saúde, com protocolos de diagnóstico precoce e orientação médica.

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Foto: Zetong Li/Unsplash

‘Crime organizado não está envolvido’, diz Tarcísio

O governador negou relação entre os casos e o crime organizado, após especulações envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Muito tem se especulado sobre, e aí agora tem esse negócio em São Paulo, tudo que acontece é PCC (…). Só para deixar claro, não há evidência nenhuma de que haja crime organizado nisso”, afirmou.

Segundo o governador Tarcísio, as investigações apontam para destilarias clandestinas, sem vínculos entre si e sem ligação com facções criminosas.

Investigação nacional

O caso também chegou à esfera federal. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que há indícios de distribuição de bebidas adulteradas em outros estados, além de São Paulo.

“Considerando nossa ocorrência, que do nosso ponto de vista é grave, nós determinados ao diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, que abrisse um inquérito policial para verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição, que, ao que tudo indica, transcende os limites de um único estado”, declarou.

A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a origem e a rota de circulação do álcool adulterado. Segundo o Ministério da Justiça, o número de notificações é considerado “fora do padrão para o curto período de tempo”.

Desde o início do ano, o estado de São Paulo registrou 17 casos suspeitos de intoxicação por metanol, sendo 10 somente neste mês, o que reforça a hipótese de contaminação recente.

Confira no vídeo abaixo a fala do governador do estado de São Paulo, Tarcísio:

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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