A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta quarta-feira (24) que não existem provas científicas conclusivas de que o uso de paracetamol na gravidez esteja associado ao autismo. A declaração responde à fala do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia estabelecido essa relação no início da semana.
“As causas exatas do autismo não foram estabelecidas, e entende-se que há múltiplos fatores que podem estar envolvidos”, destacou a OMS em nota.
A entidade também reforçou que todo medicamento deve ser utilizado com cautela durante a gestação, sempre com acompanhamento médico.
Comissão Europeia e especialistas reforçam posição
Na terça-feira (23), a Comissão Europeia também afirmou que não há comprovação científica que relacione o paracetamol ao risco de autismo.
Especialistas ouvidos por veículos de imprensa confirmaram que não existe evidência de causa e efeito entre o medicamento e a condição neurológica.
O Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia declarou que “estudos realizados no passado não mostram evidências claras que comprovem uma relação direta entre o uso prudente de paracetamol durante qualquer trimestre e problemas de desenvolvimento de fetos”.
Já o Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHS) mantém o paracetamol como “primeira escolha” de analgésico para grávidas, afirmando que ele é amplamente utilizado e considerado seguro.

Paracetamol: uso e segurança na gravidez
O paracetamol é um dos medicamentos mais consumidos no mundo para dores e febre. Reconhecido por sua segurança durante a gestação, é considerado a principal alternativa, já que gestantes não devem utilizar anti-inflamatórios como ibuprofeno.
Embora o uso seja estudado por possíveis impactos no desenvolvimento fetal, pesquisas amplas, incluindo análises com milhões de pacientes, não confirmaram relação de causa e efeito entre o fármaco e o autismo.
Segundo especialistas, correlações identificadas em estudos menores provavelmente se devem a fatores externos, como condições de saúde que motivaram o uso do remédio.
O que é o autismo?
O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição de desenvolvimento neurológico que pode afetar a comunicação, a aprendizagem e as habilidades sociais. Não é considerado uma doença, mas sim uma variação no desenvolvimento cerebral, com manifestações que vão de quadros leves até desafios mais profundos.
Nos últimos anos, o aumento dos diagnósticos se deve, em grande parte, a critérios médicos mais amplos e maior conscientização sobre o tema, e não necessariamente a um crescimento no número de casos na população.
A OMS, assim como órgãos de saúde internacionais, recomenda que gestantes utilizem o paracetamol apenas com orientação médica e na menor dose e tempo possíveis. Até o momento, não há evidência científica conclusiva de que o medicamento esteja ligado ao autismo.