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OMS alerta: cigarros eletrônicos impulsionam vício de crianças em nicotina

Entidade aponta que crianças têm nove vezes mais chances que adultos de usar vapes e denuncia táticas da indústria para atrair novos consumidores

A Organização Mundial da Saúde (OMS) soou o alarme nesta segunda-feira (6) sobre o crescimento “alarmante” do uso de cigarros eletrônicos entre jovens, destacando que a tendência ameaça reverter décadas de avanços no combate ao tabagismo.

Segundo o novo relatório global da entidade, os vapes estão provocando uma nova onda de dependência de nicotina, especialmente entre adolescentes, impulsionada por estratégias agressivas de marketing digital e pela popularização desses dispositivos como alternativa “menos nociva” ao cigarro tradicional.

Crianças são nove vezes mais propensas a usar vapes

De acordo com os dados da OMS, crianças têm nove vezes mais chances que adultos de consumir cigarros eletrônicos nos países onde há informações disponíveis.

A organização afirma que a indústria utiliza campanhas e influenciadores nas redes sociais para atrair menores de idade e consolidar hábitos de consumo desde cedo.

Mais de 100 milhões de pessoas utilizam cigarros eletrônicos no mundo, segundo a primeira estimativa global da OMS. Deste total, cerca de 86 milhões são adultos, em sua maioria de países de alta renda, e 15 milhões são adolescentes entre 13 e 15 anos.

“Cigarros eletrônicos estão alimentando uma nova onda de vício em nicotina”, afirmou Etienne Krug, diretora de Determinantes, Promoção e Prevenção de Saúde da OMS.

“Eles são vendidos como redução de danos, mas, na verdade, estão viciando crianças em nicotina mais cedo e arriscam sabotar décadas de progresso.”

A autora do relatório, Alison Commar, destacou a influência das redes sociais na disseminação do produto. “É muito difícil regular”, disse.

“Vapes são uma porta de entrada para pessoas jovens no tabaco, ou para manterem um vício em nicotina à medida que envelhecem.”

mulher fumando vape
Foto: Romain B/Unsplash

Fumantes em queda, mas risco persiste

Apesar da expansão dos vapes, o número de usuários de tabaco vem diminuindo globalmente. Entre 2000 e 2024, a quantidade caiu de 1,38 bilhão para 1,2 bilhão, mesmo com o crescimento populacional.

A redução é mais acentuada entre mulheres (6,6%) do que entre homens (32,5%). Apenas 12 países registraram aumento no consumo. O Sudeste Asiático lidera a redução, enquanto a África tem a menor taxa de fumantes (9,5%), embora o número absoluto cresça devido à expansão populacional.

Nas Américas, a prevalência caiu para 14%, e a Europa continua com o índice mais alto (24,1%). As mulheres europeias têm o maior consumo feminino do mundo (17,4%). No Brasil, a taxa de fumantes é de 9%.

Mesmo com o avanço, o tabaco ainda mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, incluindo fumantes passivos, segundo o diretor-geral-assistente da OMS, Jeremy Farrar.

“Milhões de pessoas estão parando com o tabaco ou deixando de consumi-lo, graças aos esforços de controle de tabaco ao redor do mundo”, afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

“Em resposta, a indústria tabagista está reagindo com novos produtos de nicotina, focando agressivamente em pessoas jovens.”

Perigo disfarçado por aromas agradáveis

Os cigarros eletrônicos representam um risco real à saúde, mesmo sendo vendidos como alternativas “mais seguras” ao tabaco. Eles contêm nicotina, substância altamente viciante, além de compostos tóxicos que podem causar doenças respiratórias e cardiovasculares.

O perigo aumenta porque o vape é disfarçado por aromas agradáveis, com cheiro doce e sabor de essências, o que o torna atraente para jovens e usado até dentro de casa — já que não deixa cheiro forte como o cigarro comum.

Essa aparência “inofensiva” mascara um hábito que pode causar dependência precoce e sérios danos ao organismo.

Em resumo, o vape não é inofensivo. Ele pode viciar mais rápido, prejudicar os pulmões em menos tempo e criar uma dependência mais difícil de romper, especialmente entre adolescentes.

Um novo desafio para a saúde pública

Com o crescimento rápido dos cigarros eletrônicos, autoridades de saúde enfrentam o desafio de regular um mercado em expansão, enquanto buscam proteger adolescentes e jovens adultos da dependência precoce.

O relatório da OMS reforça a necessidade de políticas públicas mais rigorosas, controle da publicidade digital e campanhas de conscientização sobre os riscos da nicotina, independentemente da forma de consumo.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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