Câmara cassa mandatos de Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem

Decisão administrativa foi publicada no Diário da Câmara após faltas regimentais e condenação no STF; suplentes assumem as vagas

A Câmara dos Deputados cassou, nesta quinta-feira (18), os mandatos dos deputados Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ).

As decisões foram tomadas pela Mesa Diretora da Casa, por meio de atos administrativos, sem necessidade de deliberação pelo plenário, e publicadas em edição extra do Diário da Câmara.

Os despachos foram assinados pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e pelos demais integrantes da Mesa. A condução do processo seguiu dispositivos constitucionais e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Eduardo Bolsonaro perde mandato por faltas regimentais

No caso de Eduardo Bolsonaro, a Mesa declarou a perda do mandato com base no artigo 55 da Constituição Federal, que prevê a cassação automática do parlamentar que deixar de comparecer a pelo menos um terço das sessões deliberativas em uma sessão legislativa.

Segundo o ato administrativo, o deputado não atingiu o número mínimo de presenças exigido, o que autoriza a perda do mandato por decisão interna da Mesa, sem necessidade de votação em plenário.

Eduardo Bolsonaro está fora do Brasil há meses e é investigado pelo STF por supostas tentativas de coagir o Poder Judiciário e por atuar, nos Estados Unidos, em articulações políticas para pressionar autoridades brasileiras, incluindo ministros da Corte.

Com a cassação, assume a vaga o suplente Missionário José Olímpio (PL-SP).

Ramagem é cassado após condenação definitiva

Já o mandato de Alexandre Ramagem foi cassado em decorrência de sua condenação definitiva no STF no processo que apura a tentativa de golpe de Estado.

Ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem foi condenado a 16 anos de prisão, o que inviabiliza o exercício do mandato parlamentar.

A decisão da Corte determinou que a cassação fosse formalizada pela Mesa da Câmara, procedimento que foi cumprido nesta quinta-feira. Com isso, assume a cadeira o suplente Dr. Flávio (PL-RJ), atual secretário do governo do Rio de Janeiro.

Mais cedo, Ramagem apresentou defesa à Presidência da Câmara. Em ofício encaminhado a Hugo Motta, o parlamentar sustentou que a cassação deveria ser analisada pelo plenário e não executada automaticamente pela Mesa.

No documento, alegou violação ao “devido processo legislativo”, supressão de garantias de ampla defesa e afronta à soberania popular.

Ramagem também defendeu que parlamentares condenados ou fora do país pudessem exercer o mandato de forma remota, com direito a voto eletrônico.

Reações e bastidores

O líder do PL, Sóstenes Cavalcante, foi comunicado formalmente da decisão e criticou o desfecho. Em publicação nas redes sociais, classificou a medida como “grave” e afirmou que representa “mais um passo no esvaziamento da soberania do Parlamento”.

Nos bastidores, aliados de Hugo Motta afirmam que a opção por resolver os casos no âmbito da Mesa buscou evitar o prolongamento de um embate institucional entre a Câmara e o STF.

A avaliação interna é de que a manutenção dos mandatos poderia ampliar tensões com a Corte e gerar novos questionamentos jurídicos.

José Elias

José Elias Mendes, mais conhecido como Dolfo, já foi reconhecido pelo ranking Top 10 Jornalistas Brasileiros do LinkedIn. Por lá, fala um pouquinho de tudo e está sempre aberto a conversar. Por aqui, atua como repórter para o site do OCorre News.

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