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Geração Z e o movimento anti-protetor solar: Especialistas alertam para riscos

Tendência viral no TikTok levanta debates sobre os perigos da exposição solar sem proteção e reacende discussões sobre a eficácia de cosméticos no mundo todo

Nos últimos meses, o TikTok foi inundado por vídeos que defendem a ideia de que a exposição solar sem proteção poderia trazer benefícios à pele. Esse movimento, chamado Anti Sunscreen, surgiu em 2019 após a FDA (agência reguladora dos EUA) solicitar estudos adicionais sobre componentes de protetores solares. Apesar de ter sido uma medida científica de rotina, a ação acabou sendo interpretada de forma distorcida nas redes sociais.

A partir daí, a tendência ganhou força, principalmente entre a Geração Z, que passou a questionar a necessidade do uso diário de protetores.

Especialistas explicam os riscos da prática

O dermatologista Lucas Miranda, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, alerta para os perigos da exposição solar sem proteção:

“A radiação ultravioleta (UV), mesmo em dias nublados, é capaz de penetrar na pele e causar alterações no DNA celular.

Embora a luz solar seja importante para a síntese de vitamina D, essa produção pode ser alcançada com exposição controlada e supervisionada, sem os riscos cumulativos da exposição crônica e desprotegida”, disse ele em entrevista à ‘CNN Brasil’.

Segundo o médico, substituir o protetor por óleos ou manteigas vegetais é um erro comum e perigoso:

“Nenhum óleo ou manteiga vegetal disponível comercialmente apresenta fator de proteção solar (FPS) adequado, estabilidade à radiação UV ou testes dermatológicos que validem sua segurança para esse fim”, acrescentou.

Entre os principais riscos do não uso de protetor estão:

  • Queimaduras solares;

  • Envelhecimento precoce (rugas e manchas);

  • Imunossupressão local;

  • Maior risco de câncer de pele.

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Foto: BATCH by Wisconsin Hemp Scientific/Unsplash

O caso australiano: quando a proteção falha

Enquanto parte do público rejeita o protetor solar, outro debate surgiu na Austrália, país com as maiores taxas de câncer de pele do mundo.

A australiana Rach, de 34 anos, contou à ‘BBC’ que cresceu cercada de campanhas de conscientização sobre os riscos do sol e sempre usou protetor regularmente. Mesmo assim, descobriu um carcinoma basocelular em seu nariz no ano passado.

“Eu fiquei confusa, e também um pouco com raiva, porque pensei: ‘Você só pode estar brincando comigo! Achei que tinha feito tudo certo e, mesmo assim, aconteceu comigo’, relatou.

O choque aumentou quando descobriu que o protetor solar que usava há anos era pouco confiável. Testes independentes mostraram que alguns dos produtos mais vendidos no país não ofereciam a proteção prometida, gerando um escândalo nacional.

A denúncia resultou em investigações oficiais, retirada de produtos do mercado e questionamentos globais sobre a regulação de protetores.

Segundo a química cosmética Michelle Wong“Definitivamente não é um problema restrito à Austrália”

Apesar das controvérsias, especialistas reforçam que o uso diário de protetor solar continua sendo a forma mais eficaz de prevenir o câncer de pele, além de evitar queimaduras e controlar doenças fotossensíveis como melasma, lúpus e rosácea.

A polêmica em torno do movimento Anti Sunscreen e o escândalo na Austrália evidenciam a necessidade de informação clara, fiscalização rigorosa e escolhas conscientes para a saúde da pele.

Maysa Vilela

Jornalista curiosa por natureza, com mais de 10 anos de estrada, movida por conexões fortes, viagens e boas histórias. Acredita que ouvir é o primeiro passo pra escrever com propósito. No Ocorre News, segue conectando pessoas através das palavras.

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